quinta-feira, 9 de maio de 2013

O Corvo Dourado --- Episódio 14

Roy xingou Xiweng usando 43 palavras diferentes.
_ Veja pelo lado bom, Roy - disse Carrie. - Pelo menos estamos mais perto de ressucitar Kalemb.
_ Como assim ? - Roy ficou confuso.
_ Faps, explique a ele sobre a purificação - pediu Carrie ao Feiticeiro.
Gock atendeu o pedido dela.
_ Entendi - tendo finalmente compreendido, o ladino assentiu.
_ Já é hora de irmos ao Porto, princesa - avisou o mago.
_ Certo - assentiu a semifada, e teleportou todos com magia.
No Porto dos Manticores...
O Porto estava em plena atividade. Famílias de até 28 mil manticores e manticoras todos os dias chegavam lá pelos atalhos entre os canos de esgoto das torres da Vila dos Manticores ( que na verdade era uma cidade enorme, mas tinha esse nome pois quando fora fundada por Greenish Rudex Spines III, o neto do primeiro manticore, era realmente uma vila) para trabalhar 15 horas por dia como assassinos de aluguel ou traficantes de drogas, entre outros trabalhos ilegais, e tendo que viajar no expediente, podiam utilizar os navios de graça desde que quando voltassem  trouxessem um livro de feitiços de magia negra para cada um dos remadores do respectivo navio que utilizassem. A Vila ficava a apenas 600 metros do Porto, mas era preciso usar atalhos e passagens secretas, pois enquanto este era um lugar quase desregrado, o autointitulado Prefeito Wilson Winjil ( um tenente desertor do Reino dos Anões) tinha tolerância zero com qualquer atividade ilegal na Vila, por menor que fosse. Por causa disso, já tinham ocorrido inúmeras pequenas guerras entre o Porto e a Vila.
Era por esse motivo que Faps, Carrie e Roy estavam disfarçados de manticores, graças à magia do Feiticeiro. No Porto, qualquer um que não estivesse usando a farda dos Espinhos Revolucionários ( um dos mais influentes movimentos de resistência contra o governo de Winjil) era morto assim que fosse visto. Se não se disfarçassem, eles nunca conseguiriam contratar um navio para levá - los até o País dos Cometas.
_ Quietos - ordenou Gock quando os herdeiros do trono saíram do mar, já disfarçados. - Eu sou o único que sabe falar a língua deles, por isso calem - se agora que chegamos.
Eles assentiram. O trio entrou pela beira do mar, a entrada oeste, o lado oposto às passagens secretas da Vila, o que   para os manticores significava que eram estrangeiros querendo se alistar nos Espinhos ou  contratar um navio. Um manticore corpulento, cuja cor da farda era cinza ( sinalizando que ele era apenas um mensageiro) os recebeu:
_ E aí, gringos merdinhas. O que cês querem aqui no nosso território ? - perguntou ele em leão - espinhês, como se não soubesse as duas únicas respostas possíveis.
_ Queríamos contratar um navio, por favor - respondeu Gock educadamente e na mesma língua.
_ Pra onde, seu bosta ?!!! - qualquer criminoso do Porto odiava estrangeiros, por pura xenofobia.
_ Pro País dos Cometas - disse o mago.
_ Querem em pagar em ouro ou livros de magia negra ? - quis saber o manticore, enquanto acendia um cigarro.
_ Ouro - falou Faps. - Quanto é ?
_ 12 mil moedas de ouro - rugiu o mensageiro, entre uma tragada e outra.
Para o trio, isso era praticamente um roubo, já que o pedaço de oceano que separava o Porto e o País dos Cometas era tão pequeno que parecia um riacho. Mas aquela era a única opção. Se Faps teleportasse, iriam saber que era do Reino dos Feiticeiros, e o matariam, pois a grande maioria dos manticores tinha uma fobia assassina de magia. Os remadores dos navios, únicos magos do porto, eram respeitados e temidos desde tempos imemoriais. Assim, o mago pagou.
_ Negócio fechado, bostão - rosnou o fardado ferozmente para ele. - Escolha o navio que quiser e diga que já deu o ouro ao mensageiro Fiquinomaan Smithfucker .
_ Obrigado, gentil senhor - agradeceu o Feiticeiro, abrindo o sorriso mais falso que conseguiu.
Assim, dezenove minutos depois, o navio Garra Leonina, lotado e assim permitindo ao trio passar despercebido, atracou no País dos Cometas.
Enquanto isso, no pântano...
Marie estava em uma posição de meditação, totalmente concentrada em localizar os irmãos de Sarah, enquanto Isaac e Luna conjuravam comida e água.
Após horas, Marie acordou Connor ( que, assim como os outros, depois de comer havia dormido imediatamente) e lhe disse que fracassara.
No País dos Cometas...
_ Com licença, senhora - Faps, livre do disfarce, chamou uma velhinha com uma tatuagem tribal ( que indicava que ela era uma respeitada anciã).
_ Sim ? - ela foi até o mago.
_ Você sabe onde mora o domador de dragões Thor Silvestreddon IV ? - perguntou Gock.
_ Desculpe, não sei. - disse a anciã.
Antes que o Feiticeiro pudesse dizer " obrigado mesmo assim", um punho espectral esmagou a cabeça da velha. Seu crânio explodiu. Quem a tinha matado era o fantasma de um homem mascarado.
_ VOCÊ! - ele urrou para Gock, entre rosnados de fúria e palavrões. - O MESTRE DO MALDITO KALEMB!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
_ Caramba, quem é você ?!! - o mago gritou de volta, começando a ficar irritado.
_ Nicolau Altman, mais conhecido como Mascarado, seu imbecil! - rugiu o fantasma.
Gock arquejou. Nicolau Altman, tinha relatado Kalemb a ele 20 anos atrás, era o verdadeiro nome do Mascarado, um criminoso que aterrorizara o Reino dos Humanos durante os últimos anos do reinado do Rei Ryan. Trabalhava para Igor Blackbee, mas o traíra e fora assassinado.
_ Quem invocou você de volta ? - perguntou ele furiosamente.
Em vez de responder, Altman o socou, deixando -o inconsciente no piso de tijolos. Roy sacou um punhal e investiu contra o inimigo, mas ele desapareceu e reapareceu atrás de Carrie, com o punho em volta da garganta dela.
_ Um movimento brusco e ela morre, ladino inútil. - avisou Nicolau.
Roy se rendeu, jogando o punhal no piso, porém o Mascarado estrangulou a irmã mesmo assim. O rosto dela ficou pálido devido à incapacidade de respirar. O príncipe ladino praguejou.
_ Se vir comigo até o esconderijo do meu mestre, eu libertarei a princesa - ofereceu o fantasma. - Terá que colaborar com ele e provavelmente fazer parte de um pacto profano, mas poderá evitar a morte da herdeira do trono.
A última coisa que Roy queria era ver sua gêmea morta, por isso concordou. Altman soltou Carrie, e deu um último aviso enquanto algemava o príncipe:
_ Não tente lutar, jovem Carrie. Fuja, é para o seu bem, idiota!
Uma expressão de cólera profundo surgiu no rosto dela ao notar a falsidade escancarada das palavras, e a princesa sacou a varinha. Ao ver Roy balançando a cabeça, ela a guardou e saiu correndo.

Continua...

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